Depois de correr feito louco atrás do tema da tese (ainda não definido completamente), arranjei um tempinho para postar.
Hoje, conversei com Angelo Ishi, professor da Universidade Musashi, em Tokyo, e um dos maiores entendidos sobre o movimento dekassegui e a comunidade brasileira no Japão. Na verdade, nos conhecemos há muito tempo atrás, quando cheguei em Tokyo. Ele era o diretor de redação do finado Jornal Tudo Bem e da revista Made in Japan. Esse papo, aliás, me fez repensar a minha pesquisa, os objetivos e as ações a serem tomadas. E me ajudaram a relembrar alguns compromissos que eu tinha comigo mesmo, desde que pisei por aqui.
Conversa vai, conversa vem, chegamos à crise mundial e como ela atingiu em cheio os dekasseguis e, por tabela, o ensino nas escolas brasileiras por aqui. Muitos pais não têm como pagar as mensalidades e muitas vezes, deixam as crianças em casa. Com os cortes de funcionários, boa parte dos brasileiros e suas famílias tiveram retornaram para o Brasil, ou seja, menos alunos, menos orçamento, sem contar o estresse psicológico.
Por coincidência, estava lendo a Veja desta semana e dei de cara com uma longa matéria sobre educação no Brasil. Ainda não terminei de ler, mas vi que por aí a educação não anda muito bem. Só que no Brasil, uma das principais causas da baixa qualidade de ensino é o desvio de dinheiro destinado à educação (!).
Um dos fatores que mais me impulsionaram para fazer esta pesquisa com crianças expatriadas, foi saber que o sonho de muitos dos filhos de dekasseguis era ser tradutor da empreiteira, trabalhar na loja para brasileiros ou conseguir um emprego numa fábrica que pague bem a hora trabalhada… Acho extremamente necessário que exista mão de obra para essas funções, mas o que aconteceu com aquele sonho de ser professor, médico, piloto ou mesmo jogador de futebol?
Acho que está mais do que na hora de eu também arregaçar as mangas e contribuir um pouco mais para o futuro dessas crianças.